XCVIII
E esta palavra,este papel escrito
pelas mil mãos de uma só mão,
não fica em ti,não serve para sonhos,
cai à terra:ali permanece.
Não importa que a luz ou a louvação
se derramem e saiam da taça
se foram um tenaz tremor do vinho
se tingiu tua boca em amaranto.
Não quer mais a sílaba tardia,
o que traz e retraz o arrecife
de minhas lembranças,a irritada espuma,
não quer mais senão escrever teu nome.
E ainda que o cale meu sombrio amor
mais tarde o dirá a primavera.
(Pablo Neruda)
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