14 fevereiro 2008

XCVIII


XCVIII

E esta palavra,este papel escrito
pelas mil mãos de uma só mão,
não fica em ti,não serve para sonhos,
cai à terra:ali permanece.

Não importa que a luz ou a louvação
se derramem e saiam da taça
se foram um tenaz tremor do vinho
se tingiu tua boca em amaranto.

Não quer mais a sílaba tardia,
o que traz e retraz o arrecife
de minhas lembranças,a irritada espuma,

não quer mais senão escrever teu nome.
E ainda que o cale meu sombrio amor
mais tarde o dirá a primavera.

(Pablo Neruda)

Nenhum comentário: