08 setembro 2012

Satélite




Satélite



Fim de tarde.

No céu plúmbeo

A lua baça

Paira.



Muito cosmograficamente

Satélite.



Desmetaforizada,

Desmitificada,



Despojada do velho segredo de melancolia,

Não é agora o golfão de cismas,

O astro dos loucos e enamorados,

Mas tão somente

Satélite.



Ah! Lua deste fim de tarde,

Desmissionária de atribuições românticas;

Sem show para as disponibilidades sentimentais!



Fatigado de mais-valia,

gosto de ti, assim:

Coisa em si,

-Satélite.
 
 
( Manuel Bandeira )

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