31 outubro 2007

Dragula


Dragula
Morto eu sou o Um, filho exterminador
Deslizando através das árvores, estrangulando a brisa
Morto eu sou o céu, observando os anjos chorando
Enquanto eles lentamente viram, conquistando o verme
Cavo através das valas e queimo através das bruxas
Eu bato nas costas do meu
Dragula
Morto eu sou a poça, difundindo dos tolos
Fraco e quero o que você precisa,em lugar algum enquanto você sangra
Morto eu sou o rato, banquete para o gato
Guardado no pêlo, agonizando enquanto você ronrona
Cavo através das valas e queimo através das bruxas
Eu bato nas costas do meu
Dragula
Faça isso baby, faça isso baby
Faça isso baby, fala isso baby
E queime como um animal
Morto eu sou a luz, cavo na pele
Articulação quebra o osso, 21 para ganhar
Morto eu sou um cachorro, perseguido do inferno, você chora
Diabo nas suas costas, eu nunca vou morrer
Cavo através das valas e queimo através das bruxas
Eu bato nas costas do meu
Dragula
(Rob Zombie)

Left Behind


Left Behind

Eu conheci faces que desaparecem no tempo
Me acho embrulhado no vidro e lentamente ensopado no limo
Todos os meus amigos têm fotos feitas para fazer você chorar
Eu tenho visto isto e pensado o que eu fiz para calcificar
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás, nós deixamos tudo escapar
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás, nós deixamos tudo escapar
Eu não agüento ver sua cara robótica de bunda
Nem tente!
Você teve que ser um mentiroso apenas para
Se infiltrar em mim -
Eu ainda estou me afundando
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás, nós deixamos tudo escapar
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás, nós deixamos tudo escapar
Mantenha...isto...longe
Eu posso sentir na minha boca
Eu posso provar nos meus dedos
Eu posso te ouvir como se você fosse o Espírito Santo
E te matar se você chegar muito perto
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás, nós deixamos tudo escapar
(Eu te ignoro)
Quando eu fecho meus olhos eu sinto tudo escapando
(Eu vou em sua direção)
Todos nós fomos deixado pra trás,
nós deixamos tudo escapar
nós deixamos tudo escapar
nós deixamos tudo escapar
nós deixamos tudo escapar
nós deixamos tudo escapar
(Slipknot)

Duality


Duality


Eu empurro meus dedos contra meus olhos
É a única coisa que lentamente pára a dor
Porém é feita de todas as coisas que tenho de agüentar
Jesus, isso nunca termina, dói tudo por dentro
Se a dor continuar...
Gritei até que minhas veias entrassem em colapso
Esperei enquanto meu tempo acabava
Agora só o que faço é viver com tanta fé
Eu desejei por isso, eu reclamei daquilo
Mas deixei para trás esse pequeno fato:
Você não pode matar o que não criou
Eu vou dizer o que eu tenho que dizer
e então eu juro que vou embora
Mas eu não prometo que você irá gostar do barulho
Eu acho que vou guardar o melhor pra o final,
meu futuro parece um grande passado
Você riu de mim porque você não me deixou escolha

Eu empurro meus dedos contra meus olhos
É a única coisa que lentamente para a dor
Se a dor continuar
Eu Não Vou Sobreviver!
Me monte novamente, ou então separe a pele dos ossos
Me deixe todas as peças, e então me deixe sozinho
Me diga que a realidade é melhor do que um sonho
Mas eu descobri da pior maneira: nada é o que parece ser

Eu empurro meus dedos contra meus olhos
É a única coisa que lentamente para a dor
Porém é feita de todas as coisas que tenho de agüentar
Jesus, isso nunca termina, dói tudo por dentro
Se a dor continuar
Eu Não Vou Sobreviver!
Tudo que tenho
Tudo que tenho é tão insano...
Tudo que tenho
Tudo que tenho é tão insano...
Tudo que tenho
Tudo que tenho é tão insano...Tudo que tenho
Tudo que tenho é tão insano...

Eu empurro meus dedos contra meus olhos
É a única coisa que lentamente para a dor
Porém é feita de todas as coisas que tenho de agüentar
Jesus, isso nunca termina, dói tudo por dentro
Se a dor continuar
Eu Não Vou Sobreviver!

(Slipknot)

Dig Up Her Bones


Dig up Her Bones


Qualquer coisa é o que ela é
Qualquer lugar é de onde ela vem
Qualquer coisa é o que ela será
Qualquer coisa o quanto que seja minha

E a porta abre do jeito de trás pra dentro
Ou é um jeito de trás para fora?

Qualquer lugar é onde ela estará
Qualquer lugar , ela verá você
Mentiras e segredos envolvem o seu mundo

Qualquer hora, qualquer lugar ela me leva
E a morte transpõe as etapas passo a passo
Para você conferir a ferida na pele que foi queimada pelo filho dela

Me aponta para o céu
Eu não posso me controlar
Me encaminha até o cemitério
Cavar os ossos dela

Vi o rosto do demônio
Analisei o lugar da morte dela
Cai de joelhos em oração
Coisas horriveis levaram ela pra longe
E a morte transpõe as etapas passo a passo
Para você conferir a ferida na pele que foi queimada pelo filho dela

Me aponta para o céu
Eu não posso me controlar
Me encaminha até o cemitério
Cavar os ossos dela
Me aponta para o céu
Eu não posso me controlar
Me encaminha até o cemitério
Cavar os ossos dela
Ossos

(The Misfits)





Halloween


Halloween


Fogueiras luminosas queimando
Cabeças de abóbora na noite.
Eu relembro o Halloween

Gatos mortos pendurados em estacas
Pequena quantidade de mortos na multidão
Eu relembro o Halloween

A vertigem laminada marrom
Onde a vida esquelética é conhecida
Eu relembro o Halloween

Nesse dia qualquer coisa se move
Corpos queimando pendurados em estacas
Eu relembro o Halloween

Oh!Halloween, Halloween, Halloween, Halloween

Maçãs do amor e navalhas
Pequena quantidade de mortos nos túmulos
Eu relembro o Halloween

Nesse dia qualquer coisa se move
Corpos queimando pendurados em estacas
Eu relembro o Halloween

Halloween, Halloween, Halloween, Halloween

Halloween, Halloween, Halloween, Halloween


(The Misfits)



30 outubro 2007

Confissão


Confissão


à espera da morte
como um gato
que prepara o salto para
a cama

tenho muita pena da
minha mulher

ele verá este
corpo
teso
pálido
abanando-o uma vez,
e outra
talvez

“Hank!”

e o Hank
não responderá.

não é a minha morte que
me preocupa, é a minha mulher
responsável por este
monte de
nada.

quero que
ela saiba
pense
que todas as noites
a dormir
ao seu lado

até os argumentos
mais inúteis
foram algo
de esplendoroso

e as palavras
difíceis
que sempre temi
dizer
podem agora ser
ditas:

amo-
-te.


(Charles Bukowski)




Os Três Mundos Dentro De Mim




OS TRÊS MUNDOS DENTRO DE MIM



Indefeso jornadear é a minha vida.
Cruzei solitários Saaras,
Galguei gigantescos Himalaias,
Perdi-me em vastas selvas,
Desci a tenebrosos abismos
Até, finalmente, atingir um oásis de paz,
De uma paz profunda, nascida da Verdade...
Entrei no terceiro e último
Dos meus mundos de dentro...
Arribei à mais longínqua galáxia
Dos universos de Deus...

No princípio, quando minha alma era criança,
Necessitava eu duma autoridade externa,
De um homem super-homem,
Que me guiasse pela mão,
Rumo a Deus.
E eu vivia tranqüilo nesse mecanismo
De cega obediência
A um homem que fazia as vezes de Deus.

Mais tarde, muito mais tarde,
Quando adolescente,
Em face das fraquezas dos homens de fora,
Desiludido, decepcionado,
Agarrei-me a outra tábua salvadora,
Em pleno naufrágio.
Analisei fatos históricos,
Estudei livros sagrados,
Relíquias de primitivas eras
E minha fé em Deus se robusteceu
E se purificou.

Encontrei o meu Deus
No mundo dos homens
E sentia-me muito seguro
De mim mesmo.

Mas... o mundo é tão paradoxal,
Tão vácuo de Deus
E tão pleno de Satã,
Pleno de luzes...

Insatisfeito com o mundo de Deus,
Fui em busca de Deus
Dentro de mim mesmo...

Em longas horas de silente introspecção,
Em noites solenes de êxtase anônimo,
Em abismos de dinâmica passividade,
Em epopéias de luminosa escuridão,
Em céus infernais de dulcíssimas agonias,
Em silenciosos brados de amorosa tortura
Encontrei-me com o grande Anônimo
De mil nomes...

Celebrei as minhas núpcias místicas
Com o Infinito EU SOU...
E eclipsaram-se todos os mundos de Deus,
Aos fulgores do Deus dos mundos...
E eu era feliz, na certeza do meu destino,
Do porquê da minha vida terrestre...

Hoje, a luz de dentro
Me reconciliou com o mundo de fora
Hoje a experiência do Deus do mundo
Me tornou tolerável o mundo de Deus.



(Huberto Rohden)



Prece


PRECE


Senhor, que és o céu e a terra,
que és a vida e a morte!
O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu!
Tu és os nossos corpos e as nossas almas
e o nosso amor és tu também.
Onde nada está tu habitas
e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar.
Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra,
ouvidos para te ouvir no vento e no mar,
e meios para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos
nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.

Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos
e servir-te como a um pai.

Minha vida seja digna da tua presença.
Meu corpo seja digno da terra, tua cama.
Minha alma possa aparecer diante de ti
como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol,
para que eu te possa adorar em mim;
e torna-me puro como a lua,
para que eu te possa rezar em mim;
e torna-me claro como o dia
para que eu te possa ver sempre em mim
e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta teu.
Senhor, livra-me de mim.

(Fernando Pessoa)




29 outubro 2007

Do Belo


DO BELO


Nada, no mundo, é, por si mesmo, feio.
Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema,
Palpita sempre neles o divino anseio
Da beleza suprema ...


(Mário Quintana)




A Casa Abandonada


A CASA ABANDONADA


Abro a janela da minha alma e espio:
- tudo é negro é completa a escuridão...
Nesse estranho lugar, triste e vazio,
hoje habita somente a solidão

Há teias de saudade em cada canto,
e a poeira de um amor cobre o seu chão...
São sombrias as salas, - velho encanto
há nesse feio e escuro casarão

Uma ruína em meu peito, abandonada,
com muros desbotados... cheios de hera...
-como um túmulo à beira de uma estrada,
que nada mais desta existência espera...

O tempo, pouco a pouco, já a consome,
- outrora, por exemplo - havia um nome
de mulher, no portal, mas se apagou...

Quantos homens como eu, na alma fechada,
vão levando uma casa abandonada
de onde alguém que partiu não mais voltou!..


(JG de Araújo Jorge)

http://www.youtube.com/watch?v=FRJaYhlznj8

Com Você



COM VOCÊ


Desconhecido, se você vier passando
e der comigo e me quiser falar
por que não há de falar comigo?
E eu, por que
também não haveria de falar com você?



(Walt Whitman)

Canção Louca



CANÇÃO LOUCA


A brava brisa brame
E a noite é fria;
Vem a mim, Sono,
E abraça minha agonia.
Mas arre! O dia prenhe
Preenche já o leste,
E as aves sonoras da aurora
Da terra se escarnecem.

Arre! Para os ares
Da cúpula celeste
Minhas notas partem,
Fartas de pesares.
Elas batem no ouvido da noite,
Molham os olhos do dia
Brincam com tempestades
Enlouquecem a ventania.

Como um demônio na nuvem
Em uivo agudo,
Pela noite eu procuro,
E com a noite me curvo;
Não me serve o leste
Onde o consolo acresce,
Pois a luz agarra meu cérebro
Com dor frenética.

(William Blake)

28 outubro 2007

Tempo


Tempo

Há muito tempo meu coração pede você,
minha boca pede seus beijos eloquentes,
meu corpo pede seu corpo,
minha alma pede seu amor.
Há muito tempo meu coração está dilacerado
e minha vida desalentada!


(Tânia Mara Lopes)

Eu Ouço Música


EU OUÇO MÚSICA


Eu ouço música como quem apanha chuva:
resignado
e triste
de saber que existe um mundo
do Outro Mundo...

Eu ouço música como quem está morto
e sente

um profundo desconforto
de me verem ainda neste mundo de cá...

Perdoai,
maestros,
meu estranho ar!

Eu ouço música como um anjo doente
que não pode voar.


(Mário Quintana)

Filhos Do Silêncio


FILHOS DO SILÊNCIO

Durante uma reunião,
em que todos falaram o que quiseram,
percebi o quanto não têm a dizer.

Porém o que mais me assusta
é que isto não foi típico deste encontro,
já que na maioria dos lugares
em que as pessoas têm a oportunidade
de dizerem o que pensam,
pouco se aproveita.

Será este um reflexo do tempo
em que não se podia dizer nada ?

(DIDIO)




De Alma Em Alma


DE ALMA EM ALMA


Tu andas de alma em alma errando,
errando, como de santuário em santuário.
És o secreto e místico templário,
As almas, em silêncio, contemplando.

Não sei que de harpas há em ti vibrando,
que sons de peregrino estradivário
Que lembras reverências de sacrário
E de vozes celestes murmurando.

Mas sei que de alma em alma andas perdido
Atrás de um belo mundo indefinido
De silêncio, de Amor, de Maravilha.

Vai! Sonhador das nobres reverências!
A alma da Fé tem dessas florescências,
Mesmo da Morte ressuscita e brilha!


(Cruz E Sousa)






Do Inquieto Oceano Da Multidão


DO INQUIETO OCEANO DA MULTIDÃO

Do inquieto oceano da multidão
veio a mim uma gota gentilmente
suspirando:

- Eu te amo, há longo tempo
fiz uma extensa caminhada apenas
para te olhar, tocar-te,
pois não podia morrer
sem te olhar uma vez antes,
com o meu temor de perder-te depois.

- Agora nos encontramos e olhamos,
estamos salvos,
retorne em paz ao oceano, meu amor,
também sou parte do oceano, meu amor,
não estamos assim tão separados,
olhe a imensa curvatura,
a coesão de tudo tão perfeito!

Quanto a mim e a você,
separa-nos o mar irresistível
levando-nos algum tempo afastados,
embora não possa afastar-nos sempre:
não fique impaciente - um breve espaço
e fique certa de que eu saúdo o ar,
a terra e o oceano,
todos os dias ao pôr-do-sol
por sua amada causa, meu amor.

(Walt Whitman)

Ilusão


Ilusão

A vida é uma grande ilusão,
passamos grande parte dessa vida,
temendo o sofrimento e a solidão,
almejando somente amar e ser amada.
Esquecendo que só quem ama sofre,
e só sente solidão quem ama.


(Tânia Mara Lopes)




26 outubro 2007

Tudo Transcende Tudo


Tudo Transcende Tudo

Tudo transcende tudo:
Intimamente longe de si mesmo
E infinitamente,o universo
A si mesmo,existindo,se ilude.


(Fernando Pessoa)



Os Degraus


OS DEGRAUS


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

(Mário Quintana)



Uma Vez Na Vida


Uma Vez Na Vida


só uma
vez na vida
é que encontramos
alguém cuja
vibração
e presença
coincide com a tua
naquele
momento

e quase
sempre é
um estranho

foi há 3 ou 4
anos atrás
eu caminhava por
Sunset Boulevard
em direcção a Vermont
quando
mais à frente
reparei numa
figura que caminhava
para mim.

havia algo
na sua figura
e no seu andar
que
me
atraiu.
à medida que
nos aproximávamos
a intensidade
aumentou.

de repente
eu sabia toda
a sua história:
tinha vivido
toda a sua vida
com um homem
que nunca a tinha realmente
conhecido.

quando se aproximou
fiquei bastante
zonzo

conseguia ouvir
os seus passos
aproximarem-se.

vi-lhe
a cara.

ela era
bonita
como eu tinha
imaginado
que seria.

quando nos cruzamos
os nossos olhos foderam
e amaram-se e
cantaram um
para o outro.

e depois ela
passou
por mim.

continuei a andar
sem nunca olhar
para trás.

Depois
quando olhei
ela tinha
desaparecido.

que pode uma
pessoa fazer
quando tudo aquilo
que podemos ter
ou fazer no mundo
é
impossível?

entrei num
café
e decidi que se
a voltasse a ver
outra vez tinha
que lhe dizer,
“olha, por favor,
eu tenho mesmo
que falar
contigo…”

nunca mais a vi
outra vez.

nunca mais a verei.

o peso da nossa
sociedade silencia
o coração de um homem

e quando
se silencia o coração
de um homem
no fim de tudo
só lhe deixámos ficar
um caralho.



(Charles Bukowski)

25 outubro 2007

Quase Dormindo


QUASE DORMINDO

Quase dormindo
toca uma música
no escuro...

Abraçado ao travesseiro
me lembro de quantas vezes
fiz isso muito bem acompanhado...

E parece que foi ontem...
E pena que ontem
foi muito tempo atrás.


(Roder)

In The Tropical Morning


In the tropical morning

de Grieg
a manhã de “peer gynt”

com estribilho

distante
de um trem
de inverno

como agulha - instante de prata
recorta

uma corrente de ar
seca - para quem nota
detrás do bosque
coxins de orvalho

como se pela noite
quartzo lunar
se desprendesse

o céu
ríspido
des-
loca-se
para
os copos de leite
magnólias
lírios da paz

o íntimo polar daquela manhã

a neblina rara cada vez mais ra-
refeita se instala como um vulto
que se serve da água que fervilha

na memória da xícara

o pouco sol pálido grava
na gota provisória sobre a pedra conversa de amigos neste domingo matinal
a tempestade
que se apossa devagar da nuvem um: hemiplegia direita , fala interrompida, visão preservada
acidente
somente no vôo vascular
o pássaro cerebral
entende o homem e a estrela isquêmico da manhã
o outro: claudicando, mouco, glaucomatoso
ainda fresca câncer
a camomila de outro poema encefálico
lâmpada de sódio se aproxima
mão
sobre
mão

( cimento
e
concílio )

sobre o véu esculpido por artesãos barrocos
o-que-foi-o-que-não-foi-dito num dialeto
crepuscular de lágrimas hemiédricas.

(Guilherme Vidotto)

Bolero De Ravel


BOLERO DE RAVEL

A alma cativa e obcecada
enrola-se indefinidamente numa espiral de desejo
e melancolia.
Infinita, infinitamente...
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto,
esquiva ondulação evanescente.
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa,
esta presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador.

"Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar sua espada coruscante, seu formidável
poder de penetrar o sangue e nele imprimir
uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu
em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tanto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro, o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava quando - por esperteza do amor - senti que éramos um
só."


(Carlos Drummond De Andrade)

24 outubro 2007

Pequena Alteração...



Pequena Alteração Num Poema de Drummond


Quero amar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero amar.

Procuro um amor
louro moreno
preto ou azul
um amor verde
um amor no ar
como um passarinho.

Depressa, que o amor
não pode esperar!

(Didio)

O Dito Dizia..


“ O dito dizia que o certo era a gente estar sempre brabo de alegre,alegre por dentro,mesmo com tudo de ruim que acontecesse,alegre nas profundas,podia?Alegre era a gente viver devagarinho,miudinho,não se importando demais com coisa nenhuma.”


( João Guimarães Rosa,in Campo Geral )

23 outubro 2007

Marina


Marina


majestosa, mágica
infinita
a minha menina é
sol
na carpete
lá fora na rua
apanhando flores, ha!
um homem velho,
podre,
levanta-se da sua
cadeira
e ela olha para mim
mas só vê
amor,
ha! e eu fico
em paz com o mundo
e dou-lhe o meu amor
como é suposto
dar.


(Charles Bukowski)



Tocaia...


Tocaia...


"cada ser tem sonhos à sua maneira..."
(Lula Queiroga e Pedro Luís)..

Cada um tem sonhos à sua maneira.
Vejo tua janela acesa,
e você ao espelho.
O desejo pulsa
nas pedrinhas que jogo,
em tua vidraça fina.

Noite em tocaia.
Sigo-te com os olhos,
um predador
que zela, que vela
a presa.
O dia quase raiando,
e eu à espreita.

Meus sonhos atraídos,
pelo conflito da tua dúvida,
pela febre nos teus olhos,
veneno em teu sangue,
absinto.

Reviro-me,enquanto jogo essas pedras.
Acerto-te o reflexo,
espelho em cacos,
azar.
Cada um tem sonhos è sua maneira.


(Samantha Abreu)





Conheça mais do trabalho de Samantha Abreu:


22 outubro 2007

O Último Dia Na Terra


O ÚLTIMO DIA NA TERRA

Ontem foi há um milhão de anos atrás
Em todas as minhas vidas passadas eu agi como um idiota
Agora que eu te encontrei, é quase tão tarde
E esta terra parece estar se esquecendo
Nós estamos tremendo em nossas muletas
Chapados e mortos, nossa pele é de vidro
Estou tão vazio aqui sem você
Eu racho e quebro as minhas mãos de xerox

Eu sei, é o último dia na Terra
Nós ficaremos juntos enquanto o planeta morre
Eu sei, é o último dia na Terra
Nós nunca diremos adeus

Cães assassinam uns aos outros suavemente
O amor queima estas casualidades
Nós somos módulos de sobrevivência estragados
Espalhe as sementes aos pés das nossas crianças
Eu estou tão vazio aqui sem você
Eu sei que eles me querem morto


(Marilyn Manson)


Passagem Do Ano


PASSAGEM DO ANO

O último dia do ano
Não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
E novas coxas e ventres te comunicarão o valor da vida.
Beijarás bocas,rasgarás papéis,
Farás viagens e tantas celebrações
De aniversário,formatura,promoção,glória,doce morte com sinfonia e coral,
Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
Os irreparáveis uivos
Do lobo,na solidão.

O último dia do tempo
Não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
Onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
Uma mulher e seu pé,
Um corpo e sua memória,
Um olho e seu brilho,
Uma voz e seu eco,
E quem sabe até se Deus...

Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu,teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou,outras espreitam a morte,
Mas estás vivo.Ainda uma vez estás vivo,
E de copo na mão
Esperas amanhecer.

O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.

Surge a manhã de um novo ano.

As coisas est5ão limpas,ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos,a calçada.
A vida é gorda,oleosa,mortal,sub-reptícia.


( Carlos Drummond de Andrade,in A Rosa do Povo )



21 outubro 2007

Paralelas II


Paralelas II

Quando disse a você
que sempre teremos caminhos
que nunca poderão
se cruzar.
Você afirmou
que isso não aconteceria.

Acreditei,
tentei caminhar ao seu lado,
sem saber que você havia escolhido
percorrer dois caminhos ao mesmo tempo.

A física,
a lógica,
a razão
e até o coração...
Todos sabem que isso é impossível.

Mesmo assim você tentou
e acabamos nos perdendo
do nosso caminho
e também
um do outro.


(Didio)

Burning


Burning

Queima-me a pele, à flor.
Fogo no peito,
mas tuas chamas
trazes de fora,
das ruas.
Aqui,a cama te chama,
tão fria.

Livre, desprende-se.
Minha casa é,
teu corpo em brasa.
Completa-me,
vazia.


(Samantha Abreu)



20 outubro 2007

Vivendo



Vivendo


Fluência de energias
O passado me atinge
Quero que se foda
Mas o relógio me engana
O tempo não pára assim fácil
Ele flui com você
E nós seremos
Eternos inimigos
Até que você pense
Em algo de útil
No seu cérebro podre
Que eu transformei...


(G Cult)



Presente




Presente

Amiga,
há tanta coisa para dizer,
contar,
agradecer,
e lembrar.

Há tanta coisa que não foi dita
e, mesmo assim,
tudo é tão claro para nós.

Gostaria de poder te dar o mundo,
realizar teus sonhos,
te amparar nas horas difíceis,
compartilhar os momentos felizes.

Mas, às vezes,
a vida escolhe caminhos diferentes
para nós.
Porém,
independente de onde eles nos levem,
teremos sempre um ao outro
no coração.


(Roder)



Criptocarpo


Criptocarpo


encostam-se no vidro do caixa automático
um menino se espanta

: a paineira em erupção de algodão doce

neste ano não há enfeites de natal
o semáforo oferece

um velho escondido do sol
pára

ela
reunidos : linho, flores e cálice
nenhum descendente ou memória
que dela mesma
saísse para dar-se àquele
outro lugar na mesa

somente o velho
- pomo seco

( amanhecido
desprendeu-se )

cúmplice

pálpebras
dois côncavos suturados
por onde a ferrugem supérflua
assevera nas matrizes
da casca
a flórula que nasce no íntimo

as raízes incansáveis
buscam desde a folha já caída
o ponto de virar-se
às avessas

na faixa de trânsito a moça
com cigarro aceso entre ruídos
supersônicos distribui panfletos
distancia-se

da tela
os demais elementos
todos
sujam o lêvedo das tinturas
como moscas ( de asas
cansadas ) grudam no tempo
do cristal

meados de dezembro
paz e prosperidade só
chegaram pelo postal
em que a paineira é quase
outra: fixa, inevitável
flama na noite das flores


(Guilherme Vidotto)



José


JOSÉ


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


(Carlos Drummond De Andrade)



19 outubro 2007

Rust


























RUST (FERRUGEM )
BLACK LABEL SOCIETY


Living,fighting,obsessing
(vivendo,lutando,obcecado)
Just as long as I can share it
(Apenas tanto quanto eu possa imaginar)
All with you
(Tudo com você )
Yesterday, today, tomorrow
(Ontem, hoje, amanhã )
Come rain, come shine
(Vem a chuva, vem o brilho)
Hell and back, the beginning
( O inferno e o retorno, o início)
In between
( Entre)
Till´the end of time
(Até o fim dos tempos)

All that shines turns to rust
(Tudo que brilha vira ferrugem )
All that stands in time turns
(Tudo que permanece no tempo )
To dust
( se torna poeira )

As above, so below
(Acima,tão abaixo )
But you ain´t no fool honey
(Mas você não é nenhuma tola querida )
I´m damn sure that you know
( Eu tenho toda a certeza que você sabe )

Yesterday, today, tomorrow
( Ontem , hoje, amanhã )
Come rain , come shine
(Vem a chuva, vem o brilho )
Hell and back, the beginning
(O inferno e o retorno , o início )
In between
( Entre )
Till´the end of time
( Até o fim dos tempos )
(Zakk Wylde)
Veja o vídeo desta música:
Outra galeria com as caveirolas:

Novos Trabalhos...












Novos Trabalhos...


Hoje a postagem vai ser para divulgar os meus últimos trabalhos coma as esculturas,algumas feitas sob encomenda e outras num impulso criativo,deixarei o link com todas as fotos dos dois útimos álbum do meu fotolog,quem estiver interessado as peças podem ser compradas,entre em contato pelo e-mail para saber mais.

Abraço...

(Nimbus GoatBurn)

http://picasaweb.google.com/nimbusgoatburn/SSKKLLZZ

Veja o vídeo novo das caveirolas:

http://www.youtube.com/watch?v=iWnczI1biFU

18 outubro 2007

Quero Me Casar


QUERO ME CASAR

Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.

Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.

Depressa, que o amor
não pode esperar !


(CARLOS DUMMOND DE ANDRADE)


Saudade


Saudade


Às vezes me pego pensando em coisas que não sei dizer,
Meus pés saem do chão e me vejo, sentir o vento no rosto e os cabelos voando,
o centro do mundo sou eu e minha vida não faz sentido.
Quero fumar mas meu médico não permite, nem trepar eu posso,
só mesmo me debruçar na janela e ver a vida passar, não consigo cuidar do meu filho ele não me ouve mais.
Falar porquê, pra quê, a quem? Já não há sentido em expressar toda a falta e a angústia que soma-se a fome incontrolável e ao desejo frenético de espairar a mente e fechar-se no sonho absurdo de quem está acordado e, que, simplesmente não consegue dormir por que tem insônia.


(G. Cult)

Lorelei


Lorelei

Pequena sereia
enfeitiça a todos
que a conhecem,
com seu jeito de olhar
ou seu canto,
que poucos conhecem.

Ser como Ulisses
que venceu a primeira Loreley
seria uma tortura,
pois teria que ignorá-la
e isso é impossível.

Turrona, malcriada,
geniosa,
mocinha ciumenta.
Linda!

Pequena bailarina,
que deixa seu mundo particular
e, aos poucos,
vem dançar conosco.

(Lorelei)