07 outubro 2007

Dúvidas...


DÚVIDAS APÓCRIFAS DE MARIANNE MOORE

Sempre evitei falar de mim,
Falar-me.Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
Não haverá um falar de mim?

Não haverá nesse pudor
De falar-me uma confissão,
Uma indireta confissão,
Pelo avesso,e sempre impudor?

A coisa de que se falar
Até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe,mesmo impura-
Mente,a quem dela quer falar?

Como saber,se há tanta coisa
De que falar ou não falar?
E se o evitá-la,o não falar,
É forma de falar da coisa?


( João Cabral de Melo Neto )

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