OS TRÊS MUNDOS DENTRO DE MIM
Indefeso jornadear é a minha vida.
Cruzei solitários Saaras,
Galguei gigantescos Himalaias,
Perdi-me em vastas selvas,
Desci a tenebrosos abismos
Até, finalmente, atingir um oásis de paz,
De uma paz profunda, nascida da Verdade...
Entrei no terceiro e último
Dos meus mundos de dentro...
Arribei à mais longínqua galáxia
Dos universos de Deus...
No princípio, quando minha alma era criança,
Necessitava eu duma autoridade externa,
De um homem super-homem,
Que me guiasse pela mão,
Rumo a Deus.
E eu vivia tranqüilo nesse mecanismo
De cega obediência
A um homem que fazia as vezes de Deus.
Mais tarde, muito mais tarde,
Quando adolescente,
Em face das fraquezas dos homens de fora,
Desiludido, decepcionado,
Agarrei-me a outra tábua salvadora,
Em pleno naufrágio.
Analisei fatos históricos,
Estudei livros sagrados,
Relíquias de primitivas eras
E minha fé em Deus se robusteceu
E se purificou.
Encontrei o meu Deus
No mundo dos homens
E sentia-me muito seguro
De mim mesmo.
Mas... o mundo é tão paradoxal,
Tão vácuo de Deus
E tão pleno de Satã,
Pleno de luzes...
Insatisfeito com o mundo de Deus,
Fui em busca de Deus
Dentro de mim mesmo...
Em longas horas de silente introspecção,
Em noites solenes de êxtase anônimo,
Em abismos de dinâmica passividade,
Em epopéias de luminosa escuridão,
Em céus infernais de dulcíssimas agonias,
Em silenciosos brados de amorosa tortura
Encontrei-me com o grande Anônimo
De mil nomes...
Celebrei as minhas núpcias místicas
Com o Infinito EU SOU...
E eclipsaram-se todos os mundos de Deus,
Aos fulgores do Deus dos mundos...
E eu era feliz, na certeza do meu destino,
Do porquê da minha vida terrestre...
Hoje, a luz de dentro
Me reconciliou com o mundo de fora
Hoje a experiência do Deus do mundo
Me tornou tolerável o mundo de Deus.
(Huberto Rohden)
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