25 outubro 2007

In The Tropical Morning


In the tropical morning

de Grieg
a manhã de “peer gynt”

com estribilho

distante
de um trem
de inverno

como agulha - instante de prata
recorta

uma corrente de ar
seca - para quem nota
detrás do bosque
coxins de orvalho

como se pela noite
quartzo lunar
se desprendesse

o céu
ríspido
des-
loca-se
para
os copos de leite
magnólias
lírios da paz

o íntimo polar daquela manhã

a neblina rara cada vez mais ra-
refeita se instala como um vulto
que se serve da água que fervilha

na memória da xícara

o pouco sol pálido grava
na gota provisória sobre a pedra conversa de amigos neste domingo matinal
a tempestade
que se apossa devagar da nuvem um: hemiplegia direita , fala interrompida, visão preservada
acidente
somente no vôo vascular
o pássaro cerebral
entende o homem e a estrela isquêmico da manhã
o outro: claudicando, mouco, glaucomatoso
ainda fresca câncer
a camomila de outro poema encefálico
lâmpada de sódio se aproxima
mão
sobre
mão

( cimento
e
concílio )

sobre o véu esculpido por artesãos barrocos
o-que-foi-o-que-não-foi-dito num dialeto
crepuscular de lágrimas hemiédricas.

(Guilherme Vidotto)

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