21 setembro 2007

LIII


LIII

Qual é a tua substância, o que é que te opulenta,
Que te servem milhões de imagens desiguais?
Cada ser uma só imagem apresenta,
Mas tu, sendo um somente, ostentas as demais.
Descreve Adônis: seu retrato, com certeza,
Há de reproduzir-te, embora mal copiado;
Põe nas faces de Helena as cores da beleza,
E novamente, à grega, eu te verei pintado.
Fala da primavera e da estação opina:
De tua formosura a sombra uma revela,
Da generosidade a outra se aproxima:
Não há quem não te veja em toda forma bela.
Nas graças do universo és parte relevante,
Mas já ninguém te iguala em coração constante.

(SHAKESPEARE)

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