VIAGEM
No perfume dos meus dedos,
há um gosto de sofrimento,
como o sangue dos segredos
no gume do pensamento.
Por onde é que vou?
Fechei as portas sozinha.
Custaram tanto a rodar!
Se chamasse ninguém vinha.
Para que se há de chamar!
Que caminho estranho!
Eras coisa tão sem forma,
Tão sem tempo, tão sem nada...
arco-íris do meu dilúvio! –
que nem podias ser vista
nem quase mesmo pensada.
Ninguém mais caminha?
A noite bebeu-te as cores
para pintar as estrelas.
Desde então, que é dos meus olhos?
Voaram de mim para as nuvens,
com redes para prendê-las.
Quem te alcançará?
Dentro da noite mais densa
navegarei sem rumores,
seguindo por onde fores
como um sonho que se pensa.
Por onde é que vou?
CECÍLIA MEIRELLES
No perfume dos meus dedos,
há um gosto de sofrimento,
como o sangue dos segredos
no gume do pensamento.
Por onde é que vou?
Fechei as portas sozinha.
Custaram tanto a rodar!
Se chamasse ninguém vinha.
Para que se há de chamar!
Que caminho estranho!
Eras coisa tão sem forma,
Tão sem tempo, tão sem nada...
arco-íris do meu dilúvio! –
que nem podias ser vista
nem quase mesmo pensada.
Ninguém mais caminha?
A noite bebeu-te as cores
para pintar as estrelas.
Desde então, que é dos meus olhos?
Voaram de mim para as nuvens,
com redes para prendê-las.
Quem te alcançará?
Dentro da noite mais densa
navegarei sem rumores,
seguindo por onde fores
como um sonho que se pensa.
Por onde é que vou?
CECÍLIA MEIRELLES
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