O Sino Rachado
É doce e amargo, quando a neve cai lá fora,
Ouvir, ao pé do fogo que crepita e esfuma,
Aflorar lentamente as lembranças de outrora
Ao som dos carrilhões que ressoam na bruma.
Bendito o sino de garganta vigorosa
Que, apesar da velhice, alerta e bem disposto,
Fielmente emite sua nota religiosa,
Como um velho soldado atento no seu posto.
É doce e amargo, quando a neve cai lá fora,
Ouvir, ao pé do fogo que crepita e esfuma,
Aflorar lentamente as lembranças de outrora
Ao som dos carrilhões que ressoam na bruma.
Bendito o sino de garganta vigorosa
Que, apesar da velhice, alerta e bem disposto,
Fielmente emite sua nota religiosa,
Como um velho soldado atento no seu posto.
Minha alma está rachada, e quando, em agonia,
Quer povoar de canções o azul da noite fria,
Ocorre muita vez que a voz lhe enfraquece
Como o espesso estertor de um corpo que se esquece,
Junto a um lago de sangue e de humanos destroços,
E que sucumbe, inerte, entre imensos esforços.
Quer povoar de canções o azul da noite fria,
Ocorre muita vez que a voz lhe enfraquece
Como o espesso estertor de um corpo que se esquece,
Junto a um lago de sangue e de humanos destroços,
E que sucumbe, inerte, entre imensos esforços.
(Charles Baudelaire)
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