23 setembro 2007

Aonde?


Aonde?

Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde...?
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irónica, responde!


Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar:
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantando como um rio banhado de luar!

Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco a minha voz responde...

Em grito, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?


(Florbela Espanca)


Nenhum comentário: