29 julho 2010

Canção Da Torre Mais Alta


Canção Da Torre Mais Alta




Mocidade presa

A tudo oprimida

Por delicadeza

Eu perdi a vida.

Ah! Que o tempo venha

Em que a alma se empenha.



Eu me disse: cessa,

Que ninguém te veja:

E sem a promessa

De algum bem que seja.

A ti só aspiro

Augusto retiro.



Tamanha paciência

Não me hei de esquecer.

Temor e dolência,

Aos céus fiz erguer.

E esta sede estranha

A ofuscar-me a entranha.



Qual o Prado imenso

Condenado a olvido,

Que cresce florido

De joio e de incenso

Ao feroz zunzum das

Moscas imundas.


( Arthur Rimbaud )

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