28 julho 2010

Minha Boêmia ( Fantasia )



Minha Boêmia (Fantasia)



Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;

Meu paletó também tornava-se ideal;

Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;

Puxa vida! A sonhar amores destemidos!



O meu único par de calças tinha furos.

- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor

Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.

- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.



Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,

Nas noites de setembro, onde senti tal vinho

O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;



Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,

Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas

E tangia um dos pés junto ao meu coração!



( Arthur Rimbaud )

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