17 julho 2010

Nos Bosques,Perdido


Nos Bosques,Perdido

Nos bosques,perdido,cortei um ramo escuro
E aos lábios,sedento,levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente,coberto pela terra,
um gruto ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali,despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se,repentinamente,estivessem me procurando as raízes
que abandonei,a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero,amada.
para que nada nos prenda
para que nada nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...

( Pablo Neruda )

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