26 dezembro 2007

O MORTO


O MORTO


Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco,
Já eram horas de dormir de novo!

(Mário Quintana)

Esfinge


ESFINGE


Tens no branco da face a palidez marmórea
das estátuas sem vida e dos corpos sem sangue,
e no aire do teu porte, suavemente langue,
há uma grande tristeza estranha e merencória...

Faz noite na tua alma - e nessa noite existe
uma luz que se esvai... um sombrio luar,
-clareando vagamente o teu mortiço olhar...
velando a tua vida imensamente triste...

Se perdeste um amor... se sofreste talvez,
não procures lembrar o que ficou distante
o que o mundo roubou, e o destino desfez...

Que mistério reténs?... Vem ser feliz comigo...
Far-te-ei amar de novo, e hás de ver triunfante
meu amor apagando o teu amor antigo...

Esquece a tua dor... Revive no porvir...
és a estátua de carne, e eu darei minha vida
para vê-la vibrar... para vê-la sentir...

Eu te quero como ninguém mais quis...
ajuda-me e verás tua dor esquecida
neste amor que só pensa em te fazer feliz!..

.
(JG DE ARAÚJO JORGE)


http://br.youtube.com/watch?v=YhWZ7bpfQag

A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-III


A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-III


Meu Deus! Meu Deus!
Quem sou, que desconheço
O que sinto que sou?
Quem quero ser
Mora, distante, onde meu ser esqueço,
Parte, remoto, para me não ter.


(FERNANDO PESSOA)

25 dezembro 2007

MERCADO NOTURNO DE MARRAKESH


MERCADO NOTURNO DE MARRAKESH

Eles estão reunidos em círculos
As lâmpadas iluminam seus rostos
A lua crescente balança no céu
Os poetas da percussão
Mantêm suas batidas do coração suspensas
A fumaça bruxuleia e então morre

Você gostaria da minha máscara?
Você gostaria do meu espelho?
Grita o homem na floresta das sombras
Vocês podem olhar para si mesmos
Vocês podem olhar um no outro
Ou vocês podem olhar na face do seu Deus

As histórias são contadas
E os destinos são ditos
A verdade é medida pelo peso de seu ouro
A magia jaz espalhada
Nas rugas do solo
A Fé é conjurada no som do mercado noturno

As lições estão escritas
Nos pergaminhos de papel
Eles são carregados pelo cavalo do Rio Nilo
Diz uma voz sombria
Na luz do fogo, a cobra
Está lançando à chama um sorriso vitorioso


( Loreena McKnnitt,in The Mask and The Mirror )




Desentendimento


DESENTENDIMENTO

O bom de um desentendimento
é a chance de dizer
que gostamos muito da pessoa,
pois esta prática
tem sido abandonada
e não percebemos
o quanto é bom
dizer e, principalmente, ouvir:
-Gosto muito de você!!!


(DIDIO)



Sentimentos...


Sentimentos...


“O ódio também é um sentimento que vem do coração, compartilha com a
dor e a incompreensão, da auto-afirmação que só ocorre pela falta de
inteligência que não percebe que o mundo está muito além disso tudo.
O valor é essencial em tudo que realizamos, e a responsabilidade
também nos ocupa de acreditarmos no infortúnio que nos aguarda e assola.
A dor queima, o ódio apaga o fogo que pode destruir."

(G.Cult)



24 dezembro 2007

DO AMOROSO ESQUECIMENTO


DO AMOROSO ESQUECIMENTO


Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?


(MÁRIO QUINTANA)


http://br.youtube.com/watch?v=54_6cCRD5Hk

CONFISSÃO


CONFISSÃO


Não amei bastante meu semelhante,
não catei o verme nem curei a sarna.
Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.

Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.

Do que restou, como compor um homem
e tudo que ele implica de suave,
de concordâncias vegetais, murmúrios
de riso, entrega, amor e piedade?

Não amei bastante sequer a mim mesmo,
contudo próximo. Não amei ninguém.
Salvo aquele pássaro - vinha azul e doido –
que se esfacelou na asa do avião.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


http://br.youtube.com/watch?v=BRf7fzkSIrA



A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-II


A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-II


Dia a dia mudamos para quem
Amanhã não veremos. Hora a hora
Nosso diverso e sucessivo alguém
Desce uma vasta escadaria agora.

E uma multidão que desce, sem
Que um saiba de outros. Vejo-os meus e fora.
Ah, que horrorosa semelhança têm!
São um múltiplo mesmo que se ignora.

Olho-os. Nenhum sou eu, a todos sendo.
E a multidão engrossa, alheia a ver-me,
Sem que eu perceba de onde vai crescendo.

Sinto-os a todos dentro em mim mover-me,
E, inúmero, prolixo, vou descendo
Até passar por todos e perder-me.


(FERNANDO PESSOA)



23 dezembro 2007

DA DISCRIÇÃO


DA DISCRIÇÃO


Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...


(Mário Quintana)

Como Está O Teu Coração?



Como Está O Teu Coração?

nos meus piores momentos
nos bancos de jardim
nas cadeias
ou a viver com
putas
eu tinha sempre uma espécie
de conforto –
não lhe chamaria
felicidade –
era mais um equilíbrio
interior
que permanecia durante
o tempo necessário
e que ajudava nas
fábricas
e quando as relações
corriam mal
com as
raparigas.
Ajudava
através das
guerras e das
ressacas
nas lutas nas vielas
nos
hospitais.
acordar num quarto barato
numa cidade desconhecida e
afastar a cortina –
este era um estranho género de
conforto

e atravessar o quarto
até um roupeiro com um
vidro partido –
ver-me, feio,
amaldiçoando tudo.
o mais importante é
saber qual a melhor maneira
de caminhar através do
fogo.


(Charles Bukowski)

ELA


ELA


À beleza tão pura do semblante,
à luz sublime que há nos olhos dela,
pergunto-me a mim mesmo a todo instante,
como tão simples pode ser tão bela...

Diferente das outras, diferente
dos moldes tão comuns de uma mulher,
ela me faz pensar num mundo ausente
deste que a gente sem querer já quer...

Bem que a quis esquecer - e noutro amor
procurei me enganar, acreditando
ser do meu pobre coração, senhor...

Em vão tentei... Em vão... Vendo-a naquela
doce e pura expressão - fico pensando
que é impossível não pensar mais nela!...

(JG DE ARAÚJO JORGE)


http://br.youtube.com/watch?v=XgumG6Oeg1w

V


V

Não te toque a noite nem o ar nem a aurora,
só a terra,a virtude dos cachos,
as maçãs que crescem ouvindo a água pura,
o barro e as resinas de teu país fragante.

Desde Quinchamalí onde fizeram teus olhos
aos teus pés criados para mim na Fronteira
és a greda escura que conheço:
em teus quadris toco de novo todo o trigo.

Talvez tu não saibas,araucana,
que quando antes amar-te me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca

e fui como um ferido pelas ruas
até que compreendi que havia encontrado
amor,meu teritório de beijos e vulcões.

(Pablo Neruda)





22 dezembro 2007

DAS UTOPIAS


DAS UTOPIAS


Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!


(MÁRIO QUINTANA)




CANÇÃO AMIGA


CANÇÃO AMIGA


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não se vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem anda ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


VOZ FUGITIVA


VOZ FUGITIVA


Às vezes na tu'alma que adormece
Tanto e tão fundo, alguma voz escuto
De timbre emocional, claro, impoluto
Que uma voz bem amiga me parece.

E fico mudo a ouvi-la como a prece
De um meigo coração que está de luto
E livre, já, de todo o mal corruto,
Mesmo as afrontas mais cruéis esquece.

Mas outras vezes, sempre em vão, procuro
Dessa voz singular o timbre puro,
As essências do céu maravilhosas.

Procuro ansioso, inquieto, alvoroçado,
Mas tudo na tu'alma está calado,
No silêncio fatal das nebulosas.


(Cruz E Sousa)



21 dezembro 2007

A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-I


A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA-I


A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.


(FERNANDO PESSOA)



É POR MUITO TE AMAR


É POR MUITO TE AMAR


É por muito te amar que não quero aceitar-te...
Sou pobre... sou artista... e estimo esta pobreza...
Agora, tu que és rica, e habitas na riqueza,
por que pensas em mim? procura um outro... Parte...

Este amor que sonhei é o símbolo de uma arte,
é o mesmo que devoto à própria natureza...
Existe, mas somente - eu tenho certeza –
nos versos que fizer julgando consagrar-te...

É um sonho... uma quimera... uma ilusão de artista...
que não pode viver... que o tempo há de apagar,
como a estrela que cai e que não mais se avista...

Não penses mais em mim... Procura um outro... Parte!...
Há o destino entre nós... tu não podes me amar
e é por muito te amar que não quero aceitar-te!...


(JG DE ARAÚJO JORGE)



Moonshadow


"Quanto tempo eu fiquei sentado lá...além da tristeza, além do enterro...não posso dizer.

Finalmente, olhei para baixo e, surpreso, vi que eu segurava uma MAÇÃ em minhas mão frias. Automaticamente, eu a mordi: seu gosto era AMARGO - e aquilo me AGRADOU.

Eu me encontro numa estranha sensação de perda...Entendam, estou me aproximando do final de minha história - e é um final que deve ser classificado... por falta de uma palavra melhor...como MÍSTICO.
Eis o meu problema: a experiência transcendente, quando traduzida em palavras...bem...francamente, não tem tradução. Talvez, uma sucessão de clichês e um pouco mais.
Assim, meu instinto diz para esquecer as palavras e deixar as imagens falarem... e , fazendo isso, eu estarei , provocando um certo segmento de minha audiência.

"Você está sendo crítico!" eles gritarão, sem dúvida.
"Você está sendo VAGO!" pior: Eles me acusarão de pretensão - um crime verdadeiramente desprezível.

Mas esta é a minha história...e devo dizer isto a minha própria maneira, sendo assim só posso pedir aqueles de vocês que ficarão desapontados, ou perplexos , ou talvez com raiva pelo que se seguirá... para ter paciências com um homem velho e tolo...e para perdoá-lo por tentar - tão desesperadamente - contar um segredo...que cada um de vocês...já sabe.

Flutuando suavemente pelos vales selvagens
Tocando canções de agradável melodia
Eu vi um menimo entre as densas nuvens
E para mim ele falou, enquanto sorria

Toque um música sobre um carneiro!
Assim, toquei com imensa alegria
Toque, de novo, parceiro!
Então, eu toquei , e ele chorava e ouvia

Larga teu alegre instrumento, flautista!
Canta tuas canções de felicidade!
Aceitando , cantei tal qual artista
E, ao ouvir-me, ele chorou com serenidade

Senta, flautista! Senta e escreve!
Faça um livro que todos possam ler!
E ele desapareceu como neve sobre neve
Sozinho, então, pensei sobre o que fazer

De um pedaço de bambu fiz uma pena
Para a água cristalina tingir
E escrevi canções de alegria serena
Que qualquer criança gostaria de ouvir.

O que você disse???
oh!!!
Que visão eu tive lá, girando no nevoeiro? Que canção eu ouvi lá, ecoando na caverna?
Minha alma foi exaltada? Meu coração foi preenchido? Minha vida mudou para sempre??



Faz tanto tempo que FRANCAMENTE...eu nem me lembro mais.


(Jim DeMatteis & John J. Muth,in Moonshadow)

20 dezembro 2007

IV


IV

Recordarás aquela quebrada caprichosa
onde os aromas palpitantes subiram,
de quando em quando um pássaro vestido
com água e lentidão:traje de inverno.

Recordarás os dons da terra:
irascível fragância,barro de ouro,
ervas do mato,loucas raízes,
sortílegos espinhos como espadas.

Recordarás o ramo que trouxeste,
ramo de sombra e água com silêncio,
ramo como uma pedra com espuma.

E aquela vez foi como nunca e sempre:
vamos ali onde não espera nada
e achamos tudo o que estamos esperando.

(Pablo Neruda)



Os Sortudos



Os sortudos

parados à chuva na auto-estrada, 6:15 da tarde,
estes são os sortudos, estes são os
trabalhadores zelosos, a maioria com os rádios o mais
alto possível para tentarem não pensar nem recordar.

esta é a nossa civilização: antes os homens
viviam nas árvores nas cavernas agora vivem
nos automóveis na auto-estrada enquanto

a rádio local é ouvida vezes sem conta e
mudamos de primeira para segunda e outra vez para primeira.

há um pobre desgraçado empatado na faixa de acelaração, capô
levantado, encostado ao muro da auto-estrada
à chuva com um jornal sobre a cabeça.

os outros carros contornam com dificuldade o carro dele, e passam para
outra faixa onde há carros determinados a não os deixar passar.

à minha direita um condutor é seguido por um
carro da polícia com as luzes vermelhas e azuis ligadas – de certeza
que não vai em excesso de velocidade quando

de repente a chuva cai como uma onda gigante e todos os
carros param e

mesmo de janela fechada consigo cheirar a embreagem
de alguém a queimar.

só espero que não seja a minha quando

a onda de água diminui e metemos outra vez a
primeira; estamos todos parados
longe de casa e eu memorizo
a silhueta do carro à minha frente e a forma da

cabeça do condutor ou
aquilo
que consigo ver por cima do encosto da cabeça enquanto
o autocolante do pára-choques me pergunta
JÁ ABRAÇOU HOJE O SEU FILHO?

de repente sinto uma enorme vontade de gritar
quando outra onda de água cai novamente e o
homem da rádio anuncia que haverá 70 por cento
de hipóteses de ocorrerem aguaceiros amanhã à noite


(Charles Bukowski)

VÃO ARREBATAMENTO


VÃO ARREBATAMENTO


Partes um dia das Curiosidades
Do teu ser singular, partes em busca
De alamas irmãs, cujo esplendor ofusca
As celestes, divinas claridades.

Rasgas terras e céus, imensidades,
Dos perigos da Vida a vaga brusca,
Queima-te o sol que na Amplidão corusca
E consola-te a lua das saudades.

Andas por toda a parte, em toda a parte
A sedução das almas a falar-te,
Como da Terra luminosos marcos.

E a sorrir e a gemer e soluçando
Ah! Sempre em busca de almas vais andando
Mas em vez delas encontrando charcos!


(Cruz E Sousa)



PRIVILÉGIO DO MAR


PRIVILÉGIO DO MAR


Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)



18 dezembro 2007

DOS MILAGRES


DOS MILAGRES


O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!


(MÁRIO QUINTANA)




ACHO TÃO NATURAL QUE NÃO SE PENSE


ACHO TÃO NATURAL QUE NÃO SE PENSE


Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...
Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...

Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.


(FERNANDO PESSOA)




DIÁLOGO


DIÁLOGO


A formiga falou:- tu não fazes teu lar
e te julgas feliz, durante todo o estio...
não fales a ninguém, mas ah! - chegando o frio
vens logo à minha porta, humilde, te postar...

E a cigarra lhe disse: - amiga, eu desafio
a provar de que um dia eu fui te procurar...
Também sei como tu, na vida trabalhar,
e se isto não o faço é que este é o meu feitio

A formiga: - bem sei... contando a mesma história...
nasceste sonhadora e a vida vais levando
na esperança fugaz de inatingível glória...

A cigarra: - cada um tem seu ponto de vista...
Nasci para cantar... - vou portanto cantando...
e pobre hei de morrer, pois tenho alma de artista!...

(JG DE ARAÚJO JORGE)


17 dezembro 2007

MODERN ZEN BUDISMO




MODERN ZEN BUDISMO

O que é ser Modern Zen Budista ?

É acordar cedo,
Tomar um bom banho
E ir trabalhar.

É viver bem com as pessoas.
Não ocupar o espaço de ninguém.
E também ser assim.

O agora é o único tempo que existe.
Viva da melhor maneira possível.
Dê uma relaxada.

“A memória é uma ilha de edição.”

E tudo o que nos resta é viver!



( Lopes & Roder )






A NOITE DE TODAS AS ALMAS


A NOITE DE TODAS AS ALMAS

Fogueiras pontuam as voltas dos lados da montanha
Figuras dançam em torno e adiante
Para baterias que pulsam os ecos da escuridão
Movendo para o som pagão

Em algum lugar numa memória escondida
Imagens flutuam ante meus olhos
De noites aromáticas de palha e fogueiras
E dançando até o próximo nascer do sol

Eu posso ver as luzes na distância
Bruxuleando no manto escuro da noite
Velas e lanternas estão dançando,dançando
Uma valsa na Noite de Todas as Almas

Figuras de talos de trigo curvadas nas sombras
Levantadas às alturas como as chamas,saltam alto
O cavaleiro verde segura o ramo santo
Para marcar onde o ano velho termina

Permanecendo na ponte que cruza
O rio que vai para o mar
O vento está cheio de milhares de vozes
Elas passam pela noite e por mim

( Loreena McKennitt,in The Visit )

“Esta peça foi inspirada pela fantasia de uma tradição japonesa que celebra as almas dos que se foram enviando lanternas de velas acesas nos caminhos de água que vão para o oceano às vezes em pequenos barcos.Adiante com as fantasias das celebrações celtas da Noite de Todas as Almas,no tempo em que vastas fogueiras eram acesas não só para celebrar o ano novo,mas também para aquecer as almas dos que se foram.”



O QUE FIZERAM DO NATAL


O QUE FIZERAM DO NATAL

Natal.
O sino longe toca fino.
Não tem neves,não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o Deus menino.
As beatas foram ver,
Encontraram o coitadinho
( Natal )
Mais o boi mais o burrinho
E lá em cima
A estrelinha alumiando.
Natal.

As beatas ajoelharam
E adoraram o Deus nuzinho
Mas as filhas das beatas
E os namorados das filhas
Foram dançar black-bottom
Nos clubes sem presépio.


( Carlos Drummond de Andrade,in Alguma Poesia )



Reluta


Reluta

Quero gritar, chutar, socar,
Não quero fazer nada
Vamos dormir e não
se mexer
Você escolhe a música
Me ensine a viver
A sua maneira
Que não sou assim
Não vai querer ser
como eu
Ninguém quer
Não sou bom exemplo
Vou me inspirar em você.

(G. Cult)

16 dezembro 2007

DA OBSERVAÇÃO




DA OBSERVAÇÃO



Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...



(MÁRIO QUINTANA)



Então Queres Ser Escritor?



Então Queres Ser Escritor?

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração da tua cabeça da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve.


(Charles Bukowski)

DEDICATÓRIA


DEDICATÓRIA


Este meu livro é todo teu, repara
que ele traduz em sua humilde glória
verso por verso, a estranha trajetória
desta nossa afeição ciumenta e rara!

Beijos! Saudades! Sonhos! Nem notara
tanta cousa afinal na nossa história...
E este verso – é a feliz dedicatória...
onde a minha alma inteira se declara...

Abre este livro... E encontrarás então
teu coração, de amor, rindo e cantando,
cantando e rindo com o meu coração...

E se o leres mais alto, quando a sós,
é como se estivesses me escutando
falar de amor com a tua própria voz!


(JG DE ARAÚJO JORGE)

http://br.youtube.com/watch?v=1DEtA5fhk4k


15 dezembro 2007

ÚNICO REMÉDIO


ÚNICO REMÉDIO


Como a chama que sobe e que se apaga
Sobem as vidas a espiral de Inferno.
O desespero é como o fogo eterno
Que o campo quieto em convulsões alaga...

Tudo é veneno, tudo cardo e praga!
E al almas que têm sede de falerno
Bebem apenas o licor moderno
Do tédio pessimista que as esmaga.

Mas a Caveira vem se aproximando,
Vem exótica e nua, vem dançando,
No estrambotismo lúgubre vem vindo.

E tudo acaba então no horror insano –
Desespero do Inferno e tédio humano –
Quando, d'esguelha, a Morte surge, rindo...


(Cruz E Sousa)



http://br.youtube.com/watch?v=WurT2piQyjk

LEGADO


LEGADO


Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.

E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.

De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.


(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


"Nossas cicatrizes têm o poder de nos lembrar que o passado foi real."
(Thomas Harris,in O Dragão Vermelho)


Unidade


Unidade

Minh´alma estava naquele instante
Fora de mim muito longe

Chegaste
E desde logo foi verão
O verão com as suas palmas os seus mormaços os seus ventos de sôfrega mocidade

Debalde os teus afagos insinuavam quebranto e molície
O instinto de penetração já despertado
Era como uma seta de fogo
Foi então que minh´alma veio vindo
Veio vindo
para de súbito entrar-me violenta e sacudir-me todo
No momento fugaz da unidade.


(Manuel Bandeira)

III


III

Áspero amor,violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado,
lança das dores,corola da cólera,
por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso,
de repente,entre as folhas frias de meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
Que flor,que pedra,que fumaça,mostraram minha morada?

O certo é que tremeu a noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,

enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas e espinhos
abriu no coração um caminho queimante.

(Pablo Neruda)





14 dezembro 2007

Árvore Da Ciência


Árvore Da Ciência


De uma árvore fatal comer não podem,
E essa...Árvore da Ciência se intitula.
Vedar a ciência?Absurdo suspeitoso!
E Deus por que lha veda?É culpa da ciência?
Da ciência pode germinar a morte?
Só na ignorância lhes é dada a vida?
Neste estado feliz consiste a prova
Da obediência e da fé que lhe tributam?
Que belo fundamento onde se erija
Plano infalível que os estrague em breve!
Já lhes vou excitar a fantasia
Da ciência com desejo incontrastável;
Rejeitarão preceitos invejosos
Só inventados para seu ludíbrio,
Se a ciência os pode erguer ao grau Numes:
Pungidos pois por ambição tamanha,
Hão de comer o proibido fruto
E assim terão em recompensa a morte:
Mais verossímel que isto...eu nada vejo.

(John Milton,in Paraíso Perdido)



http://br.youtube.com/watch?v=iyfu_mU-dmo

DOS MUNDOS


DOS MUNDOS


Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.

(MÁRIO QUINTANA)


http://br.youtube.com/watch?v=209ArurxVG4



FRESTA


FRESTA


Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

(FERNANDO PESSOA)


DECLARAÇÃO DE AMOR


DECLARAÇÃO DE AMOR


Não te recordas mais? - Dois anos são passados
após aquela noite clara, e aquele mar
que espraiando distante, ouvir nos fez, calados,
os segredos de amor que estava a murmurar.

Nós dois - Quanta saudade!... Os braços enlaçados
fitávamos sonhando, o azul, cheio de luar,
e os grãozinhos, de luz, no céu, pulverizados,
numa estrada que além... fugia ao nosso olhar...

Que mais?... Tudo era belo - e no íntimo casando
a beleza do espaço à beleza da terra
não pude me conter, e os olhos teus fitando
disse: " Que mar feliz!... Que infinito esplendor!...
Que pode haver maior que o céu que tudo encerra
mais belo que esta noite?... E tu disseste:"o amor!"

(JG DE ARAÚJO JORGE)


http://br.youtube.com/watch?v=UyyAf45bCRE




13 dezembro 2007

Desesperança


Desesperança


Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo.
Como dói um pesar em cada pensamento!
Ah,que penosa lassidão em cada músculo...

O silêncio é tão largo,é tão longo,é tão lento
Que dá medo...O ar,parado,incomoda,angustia...
Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento.

Assim deverá ser a natureza um dia,
Quando a vida acabar e,astro apagado,a Terra
Rodar sobre si mesma estéril e vazia.

O demônio sutil das neuroses enterra
A sua agulha de aço em meu crânio doído.
Ouço a morte chamar-me e esse apelo me aterra...

Minha respiração se faz como um gemido.
Já não entendo a vida,e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.

Por onde alongue o meu olhar de moribundo,
Tudo a meus olhos toma um doloroso aspecto:
E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.

Vejo nele a feição fria de um desafeto.
Temo a monotonia e apreendo a mudança.
Sinto que a minha vida é sem fim,sem objeto...

-Ah,como dói viver quando falta a esperança!

(Manuel Bandeira)



II


II


Amor,quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu,amor meu,estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono,de água,de quadris,
até ser só tu,só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
com todos confundidos,com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa os cravos.

(Pablo Neruda)




INFÂNCIA


INFÂNCIA


Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)



SUPREMO VERBO


SUPREMO VERBO


Vai, Peregrino do caminho santo,
Faz da tu'alma lâmpada do cego,
Iluminando, pego sobre pego,
As invisíveis amplidões do Pranto.

Ei-lo, do Amor o Cálix sacrossanto!
Bebe-o, feliz, nas tuas mãos o entrego...
És o filho leal, que eu não renego,
Que defendo nas dobras do meu manto.

Assim ao Poeta a Natureza fala!
Enquanto ele estremece ao escutá-la,
Transfigurado de emoção, sorrindo...

Sorrindo a céus que vão se desvendando,
A mundos que vão se multiplicando,
A portas de ouro que vão se abrindo!

(Cruz E Sousa)



12 dezembro 2007

XII


XII

(Para Erico Verissimo)


O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...

Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude...


(Mário Quintana)

http://br.youtube.com/watch?v=jQQax5AofV8

Cometa


COMETA


Liberto das alturas - vagabundo
das plagas do infinito mais ignotas,
descrevendo parábolas, nas rotas,
vais rasgando este azul de mundo em mundo...

Quando passas, o céu todo, desbotas,
com teu facho de luz forte e profundo...
Do "nirvana" do além, certo e oriundo,
das idades primeiras, mais remotas...

Começas a viver onde eu termino.
Os mistérios do Cosmos, teu destino
já desvendou nos múltiplos aspectos...

Viandantes do éter frio das esferas,
meus avós, tu já viste em velhas eras
e em novas eras, tu verás meus netos!...


(JG DE ARAÚJO JORGE)



A MINHA VIDA É UM BARCO ABANDONADO


A MINHA VIDA É UM BARCO ABANDONADO


A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?

Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.

Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.

Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.

(FERNANDO PESSOA)

http://br.youtube.com/watch?v=qI8I6qcxWyU

11 dezembro 2007

Era Uma Vez Um Lugar...


Era Uma Vez Um Lugar...


Era uma vez um lugar que não era um lugar.
Ele tinha muitos nomes:Avernus,Gehenna,Tartarus,habes,Abbadon,Sheol...
Era um local de dor e chamas e gelo,onde,há tempos,cada pesadelo havia se tornado real.

Nós o chamaremos de Inferno.

A maioria de seus habitantes não o consideravam um lugar agradável;porém,estando mortos,e estando lá,assim eles imaginavam,contra a vontade,suas opiniões contavam pouco.
E,na verdade,se o Inferno fosse agradável,eles se sentiriam enganados:eles permaneciam lá por causa da dor,do sofrimento,do tormento.

O que receberam em abundância.

Os outros habitantes desse lugar não eram mortos;mas também não eram vivos em nenhum sentido biológico da palavra.
A humanidade os chamou de demônios,mesmo sem compreender o que haviam batizado.
Havia pouco em comum entre a raça de demônios e as legiões de almas amaldiçoadas,com quem dividiam os limites infernais.

No entanto,todos concordavam em uma coisa:
Aquilo era tão ruim quanto possível.
Não podia ficar pior.

Foi há dez bilhões de anos que viemos a este lugar.Dez bilhões de anos atrás nós começamos a reinar.
Desde então,um a um,voluntariamente ou de outra forma...cada um de vocês nos seguiu atá aqui.
Vocês tomaram residência neste mundo.Tomaram suas oportunidades para dor e prazer.
No Inferno vocês lutaram e comeram,copularam e gritaram,regozijaram-se e odiaram.E sofreram!
Alguns dizem que um dia no Inferno é como todos os outros.E que neste lugar de fluxo constante,nada muda!"

(Neil Gaiman,in A Estação das Brumas/Sandman)


"Não há lugar igual no mundo como o lar."

(Ditado Popular)