23 dezembro 2007

V


V

Não te toque a noite nem o ar nem a aurora,
só a terra,a virtude dos cachos,
as maçãs que crescem ouvindo a água pura,
o barro e as resinas de teu país fragante.

Desde Quinchamalí onde fizeram teus olhos
aos teus pés criados para mim na Fronteira
és a greda escura que conheço:
em teus quadris toco de novo todo o trigo.

Talvez tu não saibas,araucana,
que quando antes amar-te me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca

e fui como um ferido pelas ruas
até que compreendi que havia encontrado
amor,meu teritório de beijos e vulcões.

(Pablo Neruda)





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