04 agosto 2007

O Súcubo


O SÚCUBO

Quando em silêncio a casa adormecida e vinha
Ao meu quarto a aromada emanação dos matos,
Deslizáveis astuta, amorosa e daninha,
Propinando na treva o absinto dos contatos.

Como se enlaça ao tronco a ondulação da vinha,
Um por um despojando os fictícios recatos,
Estreitáveis-me cauta e essa pupila tinha
Fosforecências como as pupilas dos gatos.

Tudo em vós flamejava em instintiva fúria.
A garganta cruel arfava com luxúria.
O ventre era um covil de serpentes em cio...

Sem paixão, sem pudor, sem escrúpulos - éreis
Tão bela ! e as vossas mãos, fontes de calafrio,
Abrasavam no ardor das volúpias estéreis...

(MANUEL BANDEIRA)



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