APÓS O EGOCÍDIO
Meu era o dinheiro.
Meu era o corpo.
Meu era o intelecto.
Meu era isto.
Meu era aquilo.
Tudo era meu.
Só meu - e de mais ninguém.
E, para constar que tudo aquilo era meu,
Eu fazia seguros de vida e de bens,
Assinava, sobre estampilhas oficiais,
Com firma reconhecida,
Solenemente carimbado,
Que isto e aquilo era meu,
Meu somente...
Tamanha era a insensatez
Da minha sensatez!
Tão inseguro era eu,
Que de tantos seguros necessitava!
Eu era senhor de tantos "meus"?
Porque ainda ignorava o meu verdadeiro Eu,
Que não necessita de "meus" nem de "seguros".
Identificava-me com o meu pseudo-eu,
Com o meu ego personal.
Que necessita de "meus" e de "seguros",
Porque é um pseudo-eu muito inseguro...
Quem de tudo isto necessita
É um necessitado, um pobre indigente.
Agora, porém, que ultrapassei o meu pseudo-eu,
Aboli quase todos os "meus".
Também, para que ainda defender os fortins de "meus",
Depois que se rendeu a fortaleza do pseudo-eu?
Aqueles "meus" só tinham uma razão-de-ser:
Garantir a existência do falso eu.
Mas agora que o falso eu morreu,
Agora que cometi o arrojado egocídio do ego –
Para que ainda manter esses velhos fortins,
Que o ego erguera em sua defesa?
Para que fortificar ainda o cadáver do ego?
Naquele tempo, toda a segurança me vinha de fora,
Da parte desses "meus".
Hoje, toda a minha segurança me vem de dentro,
Da alma do meu divino Eu.
E, sob a égide do grande Eu,
Se sente seguro até o pequeno ego.
Ressuscitou para uma vida nova.
Integrou-se, finalmente, no Eu divino.
Morreu o ego para o ego
E reviveu no Eu.
Se o ego não morresse,
Ficaria estéril;
Mas agora que morreu para si,
E ressurgiu no Eu –
Produz muito fruto...
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