13 novembro 2007

Não Me Fechem As Portas


NÃO ME FECHEM AS PORTAS


Não me fechem as portas, orgulhosas
bibliotecas, pois justamente o que estava faltando
em suas prateleiras apinhadas,
é o que venho trazer
mal acabando de sair da guerra,
um livro que escrevi:
pelas palavras do meu livro, nada;
pelas intenções, tudo!
Um livro à margem,
sem nada a ver com os restantes,
e que não pode ser sentido só
com o intelecto.
Vocês, porém, com seus silêncios latentes,
a cada página hão de estremecer
maravilhadas.

Isto é o toque de milhares de cornetas, o choro das flautas
e o bater dos ferrinhos.

Eu não toco uma marcha só para os vitoriosos... toco grandes
marchas para os conquistados e derrotados.

Já ouviram dizer, foi bom ter ganho o dia?
Também digo, é bom perder... perdem-se batalhas
com o mesmo espírito com que se ganham.

Ouço tambores triunfantes, aos mortos... Abandono-me à
música alegre que se toca em sua honra,
Vivas, em honra dos que falharam, e àqueles cujos vasos de guerra
cairam nos mares, e aos que se afundaram eles próprios,
E a todos os generais que perderam combates, e a todos os
heróis vindouros, e ao sem número de heróis iguais
aos grandes heróis conhecidos.


(WALT WHITMAN)



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