À ESPERA
Ela tarda... E eu me sinto inquieto, quando
julgo vê-la surgir, num vulto, adiante,
os lábios frios, trêmula e ofegante,
os seus olhos nos meus, linda, fitando...
O céu desfaz-se em luar... Um vento brando
nas folhagens cicia, acariciante,
enquanto com o olhar terno de amante
fico à sombra da noite perscrutando...
E ela não vem...Aumenta-me a ansiedade:
o segundo que passa e me tortura,
é o segundo sem fim da eternidade...
Mas eis que ela aparece de repente!...
E eu feliz, chego a crer que igual ventura
bem valia esperar-se eternamente!...
(JG DE ARAÚJO JORGE)
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