09 dezembro 2010

Escárnio



Escárnio




O meu amor anda em fama.

Mesmo assim lhe quero bem.

Cegueira? Seja o que for!

Os olhos do meu amor

Não os vejo em mais ninguém.



Tentaram deitá-lo à rua,

Mas abri-lhe a minha porta,

E a minha mão, toda nua,

Varreu toda a noite morta.

Porém, mil vozes, medonhas

Como pedaços de lama,

Segredaram-me vergonhas

Do meu amor que anda em fama.



Ai! a dor! — casa florida...

Ai! o amor! — casa cercada.



Há-de-se acabar a vida

Com a última pedrada!..



( Pedro Homem de Mello )

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