13 dezembro 2010

Teus Olhos


Teus Olhos




Olhos do meu Amor! Infantes loiros

Que trazem os meus presos, endoidados!

Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:

Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.



Neles ficaram meus palácios moiros,

Meus carros de combate, destroçados,

Os meus diamantes, todos os meus oiros

Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!



Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas..

Enigmáticas campas medievais...

Jardins de Espanha... catedrais eternas...



Berço vinde do céu à minha porta...

Ó meu leite de núpcias irreais!...

Meu sumptuoso túmulo de morta!...



( Florbela Espanca )

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