08 dezembro 2010

XXIII


XXIII


Como no palco o ator que é imperfeito

Faz mal o seu papel só por temor,

Ou quem, por ter repleto de ódio o peito

Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido

O rito mais solene da paixão;

E o meu amor eu vejo enfraquecido,

Vergado pela própria dimensão.



Seja meu livro então minha eloqüência,

Arauto mudo do que diz meu peito,

Que implora amor e busca recompensa



Mais que a língua que mais o tenha feito.

Saiba ler o que escreve o amor calado:

Ouvir com os olhos é do amor o fado.
 

( Shakespeare )

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