14 dezembro 2010

A. L.


A. L.




Não és a flor olímpica e serena

Que eu vejo em sonhos na amplidão distante;

Não tens as formas ideais de Helena,

As formas da beleza triunfante;



Não és também a mística açucena,

A alva e pura Beatriz do Dante;

És a artista gentil, a flor morena

Cheia de aroma casto e penetrante.



Não sei que graça, que esplendor, que arpejo

Eu sinto dentro d'alma quando vejo

Teu corpo aéreo, matinal, franzino...



Faz-me lembrar as vívidas napeias,

E as formas vaporosas das sereias

Rendilhadas num bronze florentino.



( Guerra Junqueiro )

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