09 agosto 2010

SONETO LXXXVIII


SONETO LXXXVIII


Quando me tratas mau e, desprezado,

Sinto que o meu valor vês com desdém,

Lutando contra mim, fico a teu lado

E, inda perjuro, provo que és um bem.

Conhecendo melhor meus próprios erros,

A te apoiar te ponho a par da história

De ocultas faltas, onde estou enfermo;

Então, ao me perder, tens toda a glória.

Mas lucro também tiro desse ofício:

Curvando sobre ti amor tamanho,

Mal que me faço me traz benefício,

Pois o que ganhas duas vezes ganho.

Assim é o meu amor e a ti o reporto:

Por ti todas as culpas eu suporto.



( William Shakespeare )

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