20 agosto 2010

Sonho Solar


Sonho Solar

Eu não conheço o sol,

clarão que humilha e me faz manso.

Só o conheço na sombra

que também mata e inocenta.



No lago interior, alma afogada,

afundei a matéria abismal do choro,

facho imenso entre o dia e a noite.

Oh, escuridão eterna,

quando serei raio

partindo do útero da terra?



Eu não conheço a luz temporal

que anda por sendeiros,

buscando as pisadas das estrelas,

gerando um som que me emudece.



Ainda que o meu tamanho se agigante,

não vejo nada além do infinito.

Talvez me ensine mais o sonho

que me alimenta e logo me destrói:

rotor preciso da imensidão,

refrão nefasto da pequenez humana.


( Cláudio Aguiar )

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