22 outubro 2010

No Dia que para Sempre Separámos do Corpo


No Dia que para Sempre Separámos do Corpo




No dia que para sempre separámos do corpo,

havia nesse dia sobre o livro de gravuras

um insecto com os breves sinais de uma aranha.



Esperávamos um recado que se fez esperar e

tinha as mãos no rosto e fora meu.

A medo a dor para onde não sei bem levava a dor

o rosto.



Havia tudo um pouco misturado. Antigas cartas

velhos poemas.

Até do outro lado da janela víamos tristes

tristes rapazes jogando a bola,



corpo jogado sob o vento de abril e o de

março.



Dentro do quadro via a camisola de lã branca

e o que de loiro havia do recente sol

via a dor o recado desejado no negro azul

das aves.



Sobre o céu, o mar, esse tinha-lo agora nos novos

olhos.



( João Miguel Fernandes Jorge )

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