29 outubro 2010

Poema Involuntário


Poema Involuntário




Decididamente a palavra

quer entrar no poema e dispõe

com caligráfica raiva

do que o poeta no poema põe.



Entretanto o poema subsiste

informal em teus olhos talvez

mas perdido se em precisa palavra

significas o que vês.



Virtualmente teus cabelos sabem

se espalhando avencas no travesseiro

que se eu digo prodigiosos cabelos

as insólitas flores que se abrem

não têm sua cor nem seu cheiro.



Finalmente vejo-te e sei que o mar

o pinheiro a nuvem valem a pena

e é assim que sem poetizar

se faz a si mesmo o poema.



( Natália Correia )

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