29 outubro 2010

Ternura


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego,uma unção,um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,muito quieta
E deixe que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar exático da aurora.

( Vinícius de Moraes )

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