17 outubro 2010

Jurando de não Mais em Outra Ver-me


Jurando de não Mais em Outra Ver-me




Como quando do mar tempestuoso

O marinheiro todo trabalhado,

De um naufrágio cruel saindo a nado,

Só de ouvir falar nele está medroso;



Firme jura que o vê-lo bonançoso

Do seu lar o não tire sossegado;

Mas esquecido já do horror passado,

Dele a fiar se torna cobiçoso;



Assi, Senhora, eu que da tormenta

De vossa vista fujo, por salvar-me,

Jurando de não mais em outra ver-me;



Com a alma que de vós nunca se ausenta,

Me torno, por cobiça de ganhar-me,

Onde estive tão perto de perder-me.



( Luís Vaz de Camões )

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