11 outubro 2010

Alma Serena


Alma Serena




Alma serena, a consciência pura,

assim eu quero a vida que me resta.

Saudade não é dor nem amargura,

dilui-se ao longe a derradeira festa.



Não me tentam as rotas da aventura,

agora sei que a minha estrada é esta:

difícil de subir, áspera e dura,

mas branca a urze, de oiro puro a giesta.



Assim meu canto fácil de entender,

como chuva a cair, planta a nascer,

como raiz na terra, água corrente.



Tão fácil o difícil verso obscuro!

Eu não canto, porém, atrás dum muro,

eu canto ao sol e para toda a gente.



( Fernanda de Castro )

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