07 novembro 2010

Ciúme


Ciúme




Vão decorrendo as horas, vão-se os dias,

Mas como outrora ela não vem. Ciúme?

Olho em redor de mim, meu pobre lume,

São tudo cinzas mortas, cinzas frias.



Bateu o relógio as horas do costume,

E tu não vens, já não te vejo mais...

Dos nossos dias, vivos, triunfais,

Só restam coisas mortas e sombrias.



Não sei que mágoa e dor meus olhos cobre.

Sinto que alguém morreu dentro de mim.

Bate o relógio as horas, como um dobre,

A dizer, a dizer: tudo tem fim.



Vai a tarde a morrer, e um frio imenso

Cai sobre mim como um Pólo de gelo.

Junto de ti, quem estará, eu penso,

A beijar, em silêncio, o teu cabelo?



Nessas tardes, assim, vagas, sensuais,

Eu não quero pensar um só momento.

Se foram minhas, hoje são dos mais...

Deixo-as morrer no frio esquecimento.



( Alfredo Brochado )

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