10 novembro 2010

Sem Palavras


Sem Palavras




Brancas, suaves mãos de irmã

Que são mais doces que as das rainhas,

Hão de pousar em tuas mãos, as minhas

Numa carícia transcendente e vã.



E a tua boca a divinal manhã

Que diz as frases com que me acarinhas,

Há de pousar nas dolorosas linhas

Da minha boca purpurina e sã.



Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;

Só eles te dirão que tu existes

Dentro de mim num riso d’alvorada!



E nunca se amará ninguém melhor;

Tu calando de mim o teu amor,

Sem que eu nunca do meu te diga nada!...



( Florbela Espanca )

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