23 novembro 2010

O Cachimbo


O Cachimbo




Trigueiro, negro, enfarruscado,

Sou o cachimbo d'um autor,

incorrigível fumador,

Que me tem já quase queimado.



Quando o persegue ingente dor,

Eu, a fumar, sou comparado

Ao fogareiro improvisado

Para o jantar d'um lenhador.



Vai envolver-lhe a tova mente

O fumo azul e transparente

Da minha boca em erupção...



A sua dor, prestes, se acalma;

Leva-lhe o fumo a paz à alma,

Vai Alegrar-lhe o coração!



( Charles Baudelaire )

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