02 novembro 2010

Frémito do Meu Corpo a Procurar-te


Frémito do Meu Corpo a Procurar-te




Frémito do meu corpo a procurar-te,

Febre das minhas mãos na tua pele

Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,

Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,



Olhos buscando os teus por toda a parte,

Sede de beijos, amargor de fel,

Estonteante fome, áspera e cruel,

Que nada existe que a mitigue e a farte!



E vejo-te tão longe! Sinto tua alma

Junto da minha, uma lagoa calma,

A dizer-me, a cantar que não me amas...



E o meu coração que tu não sentes,

Vai boiando ao acaso das correntes,

Esquife negro sobre um mar de chamas...



( Florbela Espanca )

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