16 novembro 2010

Quem?



Quem?




Não sei quem és. Já não te vejo bem...

E ouço-me dizer (ai, tanta vez!...)

Sonho que um outro sonho me desfez?

Fantasma de que amor? Sombra de quem?



Névoa? Quimera? Fumo? Donde vem?...

- Não sei se tu, amor, assim me vês!...

Nossos olhos não são nossos, talvez...

Assim, tu não és tu! Não és ninguém!...



És tudo e não és nada... És a desgraça...

És quem nem sequer vejo; és um que passa...

És sorriso de Deus que não mereço...



És aquele que vive e que morreu...

És aquele que é quase um outro eu...

És aquele que nem sequer conheço...



( Florbela Espanca )

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