02 novembro 2010

A Voz do Amor


A Voz do Amor




Nessa pupila rútila e molhada,

Refúgio arcano e sacro da Ternura,

A ampla noite do gozo e da loucura

Se desenrola, quente e embalsamada.



E quando a ansiosa vista desvairada

Embebo às vezes nessa noite escura,

Dela rompe uma voz, que, entrecortada

De soluços e cânticos, murmura...



É a voz do Amor, que, em teu olhar falando,

Num concerto de súplicas e gritos

Conta a história de todos os amores;



E vêm por ela, rindo e blasfemando,

Almas serenas, corações aflitos,

Tempestades de lágrimas e flores...



( Olavo Bilac )

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