22 novembro 2010

Noite de Sonhos Voada


Noite de Sonhos Voada




Noite de sonhos voada

cingida por músculos de aço,

profunda distância rouca

da palavra estrangulada

pela boca armodaçada

noutra boca,

ondas do ondear revolto

das ondas do corpo dela

tão dominado e tão solto

tão vencedor, tão vencido

e tão rebelde ao breve espaço

consentido

nesta angústia renovada

de encerrar

fechar

esmagar

o reluzir de uma estrela

num abraço

e a ternura deslumbrada

a doce, funda alegria

noite de sonhos voada

que pelos seus olhos sorria

ao romper de madrugada:

— Ó meu amor, já é dia!...



( Manuel da Fonseca )

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