17 novembro 2010

Há em Toda a Beleza uma Amargura


Há em Toda a Beleza uma Amargura




Há em toda a beleza uma amargura

secreta e confundida que é latente

ambígua indecifrável duplamente

oculta a si e a quem na olhar obscura



Não fica igual aos vivos no que dura

e a não pode entender qualquer vivente

qual no cabelo orvalho ou brisa rente

quanto mais perto mais se desfigura



Ficando como Helena à luz do ocaso

a língua dos dois reinos nâo lhe é azo

senão de apartar tranças ofuscante



Mas à tua beleza não foi dado

qual morte a abrir teu juvenil estado

crescer e nomear-se em cada instante?



( Walter Benjamin )

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