20 setembro 2010

Cabelos Brancos


Cabelos Brancos



Cobrem-me as fontes já cabelos brancos,

Não vou a festas. E não vou, não vou.

Vou para a aldeia, com os meus tamancos,

Cuidar das hortas. E não vou, não vou.



Cabelos brancos, vá, sejamos francos,

Minha inocência quando os encontrou

Era um mistério vê-los: Tive espantos

Quando os achei, menino, em meu avô.



Nem caiu neve, nem vieram gelos:

Com a estranheza ingénua da mudança,

Castanhos remirava os meus cabelos;



E, atento à cor, sem ter outra lembrança,

Ruços cabelos me doía vê-los ...

E fiquei sempre triste de criança.



( Afonso Duarte )

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