30 setembro 2010

Soneto


Soneto




Não pode Amor por mais que as falas mude

exprimir quanto pesa ou quanto mede.

Se acaso a comoção falar concede

é tão mesquinho o tom que o desilude.



Busca no rosto a cor que mais o ajude,

magoado parecer aos olhos pede,

pois quando a fala a tudo o mais excede

não pode ser Amor com tal virtude.



Também eu das palavras me arreceio,

também sofro do mal sem saber onde

busque a expressão maior do meu anseio.



E acaso perde, o Amor que a fala esconde,

em verdade, em beleza, em doce enleio?

Olha bem os meus olhos, e responde.



( António Gedeão )

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