04 setembro 2010

Sem um Filho te Apagarás no Poente


Sem um Filho te Apagarás no Poente




A luz real ergueu-se a oriente

com a coroa de fogo na cabeça:

e o nosso olhar, vassalo obediente,

ajoelha ante a visão que recomeça.

Enquanto sobe, Sua Majestade,

a colina do céu a passos de oiro,

adoramos-lhe a adulta mocidade

que fulge com as chamas dum tesoiro.

Mas quando o carro fatigado alcança

o cume e se despenha pela tarde,

desviamos os olhos já sem esperança:

no crepúsculo estéril nada arde.

Assim tu, meio dia ainda ardente,

sem um filho te apagarás no poente.



( William Shakespeare )

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