05 setembro 2010

O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva


O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva




Meu entranhado amor, morte que é vida,

tua palavra escrita em vão espero

e penso, com a flor que se emurchece

que se vivo sem mim quero perder-te.



O ar é imortal. A pedra inerte

nem a sombra conhece nem a evita.

Coração interior não necessita

do mel gelado que a lua derrama.



Porém eu te suportei. Rasguei-me as veias,

sobre a tua cintura, tigre e pomba,

em duelo de mordidas e açucenas.



Enche minha loucura de palavras

ou deixa-me viver na minha calma

e para sempre escura noite d'alma.



( Federico García Lorca )

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