13 setembro 2010

Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente


Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente




Erros meus, má Fortuna, Amor ardente

Em minha perdição se conjuraram;

Os erros e a Fortuna sobejaram,

Que para mim bastava Amor somente.



Tudo passei; mas tenho tão presente

A grande dor das cousas que passaram,

Que já as frequências suas me ensinaram

A desejos deixar de ser contente.



Errei todo o discurso de meus anos;

Dei causa a que a Fortuna castigasse

As minhas mal fundadas esperanças.



De Amor não vi senão breves enganos.

Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse

Este meu duro Génio de vinganças!



( Luís Vaz de Camões )

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