01 setembro 2010

A Proibição


A Proibição



Tem cuidado ao amar-me.

Pelo menos, lembra-te que to proibi.

Não que restaure o meu pródigo desperdício

De alento e sangue, com teus suspiros e lágrimas,

Tornando-me para ti o que foste para mim,

Mas tão grande prazer desgasta a nossa vida duma vez.

Para evitar que teu amor por minha morte seja frustrado,

Se me amas, tem cuidado ao amar-me.



Tem cuidado ao odiar-me,

E com os excessos do triunfo na vitória,

Ou tornar-me-ei o meu próprio executor,

E do ódio com igual ódio me vingarei.

Mas tu perderás a pose do conquistador,

Se eu, a tua conquista, perecer pelo teu ódio:

Então, para evitar que, reduzido a nada, eu te diminua,

Se tu me odeias, tem cuidado ao odiar-me.



Contudo, ama-me e odeia-me também.

Assim os extremos não farão o trabalho um do outro:

Ama-me, para que possa morrer do modo mais doce;

Odeia-me, pois teu amor é excessivo para mim;

Ou deixa que ambos, eles e não eu, se corrompam

Para que, vivo, eu seja teu palco e não teu triunfo.

Então, para que o teu amor, ódio, e a mim, não destruas,

Oh, deixa-me viver, mas ama-me e odeia-me também.



( John Donne )

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