27 setembro 2010

Olhos


Olhos




Olhos:

brilhantes da chuva que caiu

quando Deus me mandou beber.



Olhos:

ouro, que a noite me contou nas mãos,

quando colhi urtigas

e fiz arrepender as sombras dos Provérbios.



Olhos:

noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão

e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes

saltei pelos lugares da eternidade.



( Paul Celan )

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