18 setembro 2010

Horas Vivas


Horas Vivas




Noite: abrem-se as flores...

Que esplendores!

Cíntia sonha amores

Pelo céu.

Tênues as neblinas

Às campinas

Descem das colinas,

Como um véu.



Mãos em mãos travadas,

Animadas,

Vão aquelas fadas

Pelo ar;

Soltos os cabelos,

Em novelos,

Puros, louros, belos,

A voar.



— “Homem, nos teus dias

Que agonias,

Sonhos, utopias,

Ambições;

Vivas e fagueiras,

As primeiras,

Como as derradeiras

Ilusões!



— Quantas, quantas vidas

Vão perdidas,

Pombas mal feridas

Pelo mal!



Anos após anos,

Tão insanos,

Vêm os desenganos

Afinal.



— “Dorme: se os pesares

Repousares,

Vês? – por estes ares

Vamos rir;

Mortas, não; festivas,

E lascivas,

Somos – horas vivas

De dormir!” –



( Machado de Assis )

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