19 setembro 2010

O Cavaleiro


O Cavaleiro




Talvez o espere ainda a Incomeçada

aquela que louvámos uma noite

quando o abril rompeu em nossas veias.

Talvez o espere a avó o pai amigos

e a mãe que disfarça às vezes uma lágrima.

Talvez o próprio povo o espere ainda

quando subitamente fica melancólico

propenso a acreditar em coisas misteriosas.



Algures dentro de nós ele cavalga

algures dentro de nós

entre mortos e mortos.

É talvez um impulso quando chega maio

ou as primeiras aves partem em setembro.



Cargas e cargas de cavalaria.

E cercos. Conquistas. Naufrágios naufrágios.

Quem sabe porquê. Quem sabe porquê.

Entre mortos e mortos

algures dentro de nós.



Quem pode retê-lo?

Quem sabe a causa que sem cessar peleja?

E cavalga cavalga.



Sei apenas que às vezes estremecemos:

é quando irrompe de repente à flor do ser

e nos deixa nas mãos

uma espada e uma rosa.



( Manuel Alegre )

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