24 setembro 2010

A Eterna Ausência


A Eterna Ausência




Eu aguardei com lágrimas e o vento

suavizando o meu instinto aberto

no fumo do cigarro ou na alegria das aves

o surgimento anónimo

no grande cais da vida

desse navio nocturno

que me trazia aquela com lábios evidentes

e possuindo um perfil indubitável,

mulher com dedos religiosos

e braços espirituais...



Aquela mulher-pirâmide

com chamas pelo corpo

e gritos silenciosos nas pupilas.



Amante que não veio como a noite prometera

numa suspensa nuvem acordar

meu coração de carne e alguma cinza...



Amante que ficou não sei aonde

a castigar meus dias involúveis

ou a afogar meu sexo na caveira

deste carnal desespero!...



( António Salvado )

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente.