17 setembro 2010

Cromo


Cromo




andamos pelo mundo

experimentando a morte

dos brancos cabelos das palavras

atravessamos a vida com o nome do medo

e o consolo dalgum vinho que nos sustém

a urgência de escrever

não se sabe para quem



o fogo a seiva das plantas eivada de astros

a vida policopiada e distribuída assim

através da língua... gratuitamente

o amargo sabor deste país contaminado

as manchas de tinta na boca ferida dos tigres de papel



enquanto durmo à velocidade dos pipelines

esboço cromos para uma colecção de sonhos lunares

e ao acordar... a incoerente cidade odeia

quem deveria amar



o tempo escoa-se na música silente deste mar

ah meu amigo... como invejo essa tarde de fogo

em que apetecia morrer e voltar



( Al Berto )

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