Calvário
No cálice que se diz Santo,
Busco a embriaguez permanente.
No sacro soar enferrujado dos sinos,
Eu rio e choro, numa dança demente.
No resto do pão mal dividido
Farto-me como se fosse banquete.
Nas penitências que não absolvem
E não nos redimem as falhas
Eu adormeço, e a cruz que carrego
Não pesa mais que palha.
Pelas mãos erradas que constroem o Sacrário
Pelas contas, tontas, de tantos dedos
A girar o rosário.
Pela porção “anjo” e “demônio”
Que nos é hereditário.
Pelas vozes que orientam e confundem
E não hesitam em nos crucificar a todo instante
Confesso-me culpado, por ainda ser tão parecido com antes,
E não preciso de nenhum julgamento, sigo só, voluntário.
Pois meucorpo tem as trilhas, os trilhos, chegarei ao meu calvário.
( Tonho França )
Nenhum comentário:
Postar um comentário